Conhecidos
desde a Antiguidade, pelos egípcios, chineses e etruscos, consistiam em estacas
fixas verticalmente no solo ou numa base de madeira onde se podiam enfiar
folhas, conchas, pedras, pedaços de osso ou de metal que representavam números
cujo valor dependia da estaca onde eram colocados.
O ábaco é
um recurso manipulativo que constitui um material muito útil para o aprendizado
do cálculo.
O fato de
que a posição das contas coincida com a da escrita numérica faz o ábaco ser um
material de fácil compreensão, especialmente indicado para trabalhar o valor
posicional dos algarismos.
A regra
fundamental para se trabalhar com o ábaco é que "nunca se pode colocar 10
contas em uma mesma vareta".
Ábaco mesopotâmico
O
primeiro ábaco foi quase de certeza construído numa pedra lisa coberta por
areia ou pó. Palavras e letras eram desenhadas na areia; números eram
eventualmente adicionados e bolas de pedra eram utilizadas para ajuda nos
cálculos. Os babilónios utilizavam este ábaco em 2700–2300
a.C.. A origem do ábaco de contar
com bastões é obscuro, mas a Índia, a Mesopotâmia ou o Egito são vistos como prováveis pontos de
origem. A China desempenhou um papel importante no
desenvolvimento do ábaco.
Ábaco babilónio
Os
babilônios podem ter utilizado o ábaco para operações de adição e subtração. No
entanto, este dispositivo primitivo provou ser difícil para a utilização em
cálculos mais complexos. Algumas
pessoas conhecem um caráter do alfabeto cuneiforme babilônio que pode ter sido
derivado de uma representação do ábaco. Por
isso esse ábaco é muito importante.
Ábaco egípcio
O
uso do ábaco no antigo
Egito é mencionado pelo
historiador grego Crabertotous, que escreve sobre a
maneira do uso de discos (ábacos) pelos egípcios, que era oposta na direção
quando comparada com o método grego. Arqueologistas encontraram discos antigos
de vários tamanhos que se pensam terem sido usados como material de cálculo. No
entanto, pinturas de parede não foram descobertas, espalhando algumas dúvidas
sobre a intenção de uso deste instrumento.
Ábaco grego
Uma
tábua encontrada na ilha grega de Salamina em 1846 data de 300 a.C.,
fazendo deste o mais velho ábaco descoberto até agora. É um ábaco de mármore de
149 cm de comprimento, 75 cm de largura e de 4,5 cm de
espessura, no qual existem 5 grupos de marcações. No centro da tábua existe um
conjunto de 5 linhas paralelas igualmente divididas por uma linha vertical,
tampada por um semicírculo na intersecção da linha horizontal mais ao canto e a
linha vertical única. Debaixo destas linhas, existe um espaço largo com uma
rachadura horizontal a dividi-los. Abaixo desta rachadura, existe outro grupo
de onze linhas paralelas, divididas em duas secções por uma linha perpendicular
a elas, mas com o semicírculo no topo da intersecção; a terceira, sexta e nona
linhas estão marcadas com uma cruz onde se intersectam com a linha vertical.
Ábaco romano
O
método normal de cálculo na Roma antiga, assim como na Grécia antiga, era mover
bolas de contagem numa tábua própria para o efeito. As bolas de contagem
originais denominavam-se calculi.
Mais tarde, e na Europa medieval, os jetons começaram a ser manufacturados. Linhas
marcadas indicavam unidades, meias dezenas, dezenas, etc., como na numeração romana. O sistema de contagem contráriacontinuou até
à queda de Roma, assim como na Idade Média e até ao século XIX, embora já com
uma utilização mais limitada. Em adição às mais utilizadas bolas de contagem
frouxas, vários espécimens de um ábaco romano foram encontrados, mostrados aqui
em reconstrução. Tem oito longos sulcos contendo até 5 bolas em cada e 8 sulcos
menores tendo tanto uma como nenhuma bola.
Nos
sulcos menores, o sulco marcado I marca unidades, o X dezenas e assim
sucessivamente até aos milhões. As bolas nos sulcos menores marcam os cincos -
cinco unidades, cinco dezenas, etc. - essencialmente baseado na numeração romana. As duas últimas colunas de
sulcos serviam para marcar as subdivisões da unidade monetária. Temos de ter em
conta que a unidade monetária se subdividia em 12 partes, o que implica que o
sulco longo marcado com o sinal 0(representando os múltiplos da onça ou
duodécimos da unidade monetária) comporte um máximo de 5 botões, valendo cada
uma 1 onça, e que o botão superior valha 6 onças. Os sulcos mais pequenos à
direita são fracções da onça romana sendo respectivamente, de cima para baixo,
½ onça, ¼ onça e ⅓ onça.
Ábaco indiano
Fontes
do século I,
como a Abhidharmakosa,
descrevem a sabedoria e o uso do ábaco na Índia. Por volta
do século V,
escrivães indianos estavam já à procura de gravar os resultados do Ábaco.
Textos hindus usavam o termo shunya(zero) para indicar a
coluna vazia no ábaco.
Ábaco chinês
A
menção mais antiga a um suanpan (ábaco chinês) é encontrada num livro
do século I da Dinastia Han Oriental, o Notas Suplementares na Arte das
Figuras escrito por Xu Yue.No
entanto, o aspecto exacto deste suanpané
desconhecido.
Habitualmente,
um suanpan tem cerca de 20 cm de altura e
vem em variadas larguras, dependendo do fabricante. Tem habitualmente mais de
sete hastes. Existem duas bolas em cada haste na parte de cima e cinco na parte
de baixo, para números decimais e hexadecimais. Ábacos mais modernos tem uma bola
na parte de cima e quatro na parte de baixo. As bolas são habitualmente
redondas e feitas em madeira. As bolas são contadas por serem movidas para cima
ou para baixo. Se as mover para o alto, conta-lhes o valor; se não, não lhes
conta o valor. O suanpan pode voltar à posição inicial
instantaneamente por um pequeno agitar ao longo do eixo horizontal para afastar
todas as peças do centro.
Os suanpans podem ser utilizados para outras
funções que não contar. Ao contrário do simples ábaco utilizado nas escolas,
muitas técnicas eficientes para o suanpan foram feitas para calcular operações
que utilizam a multiplicação, adivisão, a adição, a subtracção,
a raiz
quadrada e a raiz
cúbica a uma alta velocidade.
No
famoso quadro Cenas à
Beira-mar no Festival de Qingming pintado
por Zhang Zeduan (1085-1145) durante aDinastia
Song (960-1297), um suanpan é claramente visto ao lado de um livro
de encargos e de prescrições do doutor na secretária de um apotecário.
A
similaridade do ábaco romano com o suanpan sugere que um pode ter inspirado o
outro, pois existem evidências de relações comerciais entre o Império Romano e
a China. No entanto, nenhuma ligação directa é passível de ser demonstrada, e a
similaridade dos ábacos pode bem ser concidência, ambos derivando da contagem
de cinco dedos por mão. Onde o modelo romano tem 4 mais 1 bolas por espaço
decimal, o suanpan padrão tem 5 mais 2, podendo ser
utilizado com números hexadecimais, ao contrário do romano. Em vez de funcionar
em cordas como os modelos chinês e japonês, o ábaco romano funciona em sulcos,
provavelmente fazendo os cálculos mais difíceis.
Outra
fonte provável do suanpan são as pirâmides numéricas chinesas, que operavam com o sistema
decimal mas não incluiam o conceito de zero. O zero foi provavelmente
introduzido aos chineses na Dinastia
Tang (618-907), quando as viagens
no Oceano
Índico e no Médio
Oriente teriam dado contacto
directo com a Índia e o Islão,
permitindo-lhes saber o conceito de zero e do ponto
decimal de mercantes e
matemáticos indianos e islâmicos.
O suanpan migrou da China para a Coreia em cerca do ano 1400. Os coreanos
chamam-lhe jupan (주판), supan (수판)
or jusan (주산).
Ábaco japonês
Um soroban (算盤, そろばん, lit. tábua de contar) é uma versão
modificada pelos japoneses do suanpan.
É planeado dosuanpan, importado para o Japão antes doséculo
XVI. No entanto, a idade de transmissão exacta e o meio são incertos porque
não existem registos específicos. Como
o suanpan, osoroban ainda hoje é utilizado no Japão,
apesar da proliferação das calculadoras de bolso, mais baratas.
A
Coreia tem também o seu próprio, o supan (수판),
que é basicamente o soroban antes de tomar a sua actul forma nosanos
30. O soroban moderno também tem este nome.
Ábacos dos nativos americanos
Algumas
fontes mencionam o uso de um ábaco chamado nepohualtzintzin na antiga cultura azteca. Este ábaco
mesoamericano utiliza um sistema de base 20 com 5 dígitos.
O quipu dos Incas era um sistema de cordas
atadas usado para gravar dados numéricos, como varas de registo avançadas - mas
não eram usadas para fazer cálculos. Os cálculos eram feitos utilizando uma yupana (quechua para tábua
de contar), que estava ainda em uso depois da conquista do Peru. O
princípio de trabalho de uma yupana é desconhecido, mas, em 2001, uma explicação
para a base matemática deste instrumento foi proposta. Por comparação à forma
de várias yupanas, os
investigadores descobriram que os cálculos eram baseados na sequência Fibonnaci,
utilizando 1,1,2,3,5 e múltiplos de 10, 20 e 40 para os diferentes campos do
instrumento. Utilizar a sequência Fibonnaci manteria o número de bolas num
campo no mínimo.
Ábaco russo
O
ábaco russo, o schoty (счёты), normalmente tem apenas um
lado comprido, com 10 bolas em cada fio (excepto um que tem 4 bolas, para
fracções de quartos de rublo). Este costuma estar do lado do utilizador.
(Modelos mais velhos têm outra corda com 4 bolas, para quartos de kopeks, que
eram emitidos até 1916. O ábaco russo é
habitualmente utilizado na vertical, com os fios da esquerda para a direita ao
modo do livro. As bolas são normalmente curvadas para se moverem para o outro
lado no centro, em ordem para manter as bolas em cada um dos lados. É
clarificado quando as bolas se devem mover para a direita. Durante a
manipulação, as bolas são movidas para a direita. Para mais fácil visualização,
as duas bolas do meio de cada corda (a 5ª e a 6ª; no caso da corda excepção, a
3ª e a 4ª) costumam estar com cores diferentes das outras oito. Como tal, a
bola mais à esquerda da corda dos milhares (e dos milhões, se existir) costuma
também estar pintada de maneira diferente.
O
ábaco russo estava em uso em todas as lojas e mercados de toda a antiga União Soviética, e o uso do ábaco era ensinado em
todas as escolas até aos anos
90. Hoje é visto como algo arcaico e foi substituído pela calculadora. Na
escola, o uso da calculadora é ensinado desde os anos
90.
Ábaco escolar
Em
todo o mundo, os ábacos têm sido utilizados na educação infantil e na educação básica como uma ajuda ao ensino do sistema numérico e da aritmética.
Nos países ocidentais, uma tábua com bolas similar ao ábaco russo mas com fios
mais direitos e um plano vertical tem sido comum (ver imagem).
O
tipo de ábaco aqui mostrado é vulgarmene utilizado para representar números sem
o uso do lugar da ordem dos números. Cada bola e cada fio tem exactamente o
mesmo valor e, utilizado desta maneira, pode ser utilizado para representar
números acima de 100.
A
vantagem educacional mais significante em utilizar um ábaco, ao invés de bolas
ou outro material de contagem, quando se pratica a contagem ou a adição
simples, é que isso dá aos estudantes uma ideia dos grupos de 10 que são a base
do nosso sistema numérico. Mesmo que os adultos tomem esta base de 10 como
garantida, é na realidade difícil de aprender. Muitas crianças de 6 anos
conseguem contar até 100 de seguida com somente uma pequena consciência dos
padrões envolvidos.
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